Um dos assuntos mais recentes de ‘Dona de Mim’ que chamou a atenção do público é a disputa pela guarda de Sofia (Elis Cabral). Na trama criada por Rosane Svartman, a menina, filha de Ellen (Camila Pitanga), criada por Abel (Tony Ramos), acabou sob os cuidados de Leona (Clara Moneke).
A grande falha no roteiro que levou às diversas críticas foi o fato de que a jovem não tenha apresentado nenhum documento plausível que comprovasse legalmente sua condição de responsável. Ao mesmo tempo, os irmãos Samuel (Juan Paiva) e Davi (Rafael Vitti) tentaram manter a guarda da criança, mas sem documentos corretos.
Não demorou muito para os telespectadores da novela das sete da Globo criticarem a decisão judicial na ficção: "Condição financeira da Leona: não existe. Moradores da casa da Leona: um condenado por tráfico. Não existiu uma avaliação mínima pra ver se ela tem condições de cuidar de verdade dessa criança", apontou telespectadora identificada por Mi, lembrando que Leona sustenta a irmã, a avó e agora tem o ex-presidiário Ryan (L7nnon) como hóspede.
Enquanto isso, os irmãos são ricos, bem estruturados e demonstram carinho e interesse real pela criança. "Dos criadores de 'Vou aceitar a carta de uma morta', vem aí: 'Aceito uma pessoa sem vínculo familiar pra ter a guarda de uma criança, já que ela se ofereceu", o perfil Luke W. menciona a carta deixada por Ellen, que confirmava que Abel não é o pai biológico da menina.
Na vida real, a situação lembra a polêmica em torno da guarda do filho de Marília Mendonça, Léo, com a concessão da guarda provisória ao pai, Murilo Huff, em caráter unilateral. Nesta situação, o influenciador alegava negligência e alienação parental contra a avó materna, Ruth Moreira.
Ao relacionarmos o caso real e o da ficção, o advogado Gomes Júnior explica que a decisão de um juiz não deve se basear em patrimônio ou status social, mas sim no que atende melhor ao interesse da criança. "São analisados diversos critérios, como o vínculo afetivo, a capacidade de cada pai em prover as necessidades da criança e a estabilidade emocional e financeira de cada lar”
Ele ainda argumenta: “A guarda não está relacionada a dinheiro. O que pode justificar a alteração são fatores que envolvem diretamente a criança, como supostas falhas nos cuidados, exposição indevida ou mudanças na rotina de quem está com a guarda”, afirma.
Isso comprova que a escolha por Leona não estaria, necessariamente, equivocada. Nessa lógica, tanto Leo quanto os irmãos Boaz poderiam brigar pela guarda, e até mesmo compartilhar a responsabilidade legal sobre Sofia.
O grande problema do folhetim das sete é que, em ambos os casos, Sofia estaria em boas mãos de qualquer forma. Porém, não houve apresentação de documentos, perícias, visitas sociais ou mesmo justificativas jurídicas plausíveis a favor da mocinha da novela.
Em outras palavras, o dilema é importante e plausível na novela, uma vez que Leona nutre um amor incondicional por Sofia, mas cria um buraco no roteiro. O telespectador não é burro!
player2